Quando o objetivo é a hipertrofia, apenas frequentar a academia não é suficiente. Muitos praticantes de musculação, mesmo com dedicação, acabam cometendo erros que sabotam seus ganhos. Se você sente que está treinando duro, mas os resultados não aparecem, este artigo é para você.
A seguir, listamos os 10 principais erros que impedem o crescimento muscular, com base em evidências científicas recentes — e, claro, como corrigi-los.
1. Treinar Sem Foco em Tensão Mecânica
A tensão mecânica é considerada o estímulo mais importante para o crescimento muscular (Schoenfeld, 2010). Treinar apenas buscando levantar cargas ou fazer repetições rápidas reduz o tempo sob tensão e compromete o estresse necessário para estimular a hipertrofia.
Como corrigir:
Controle o movimento, priorizando uma execução lenta e focada na contração muscular, especialmente na fase excêntrica (descida).
Dica: O ideal é que cada repetição dure cerca de 2 a 4 segundos na fase excêntrica e 1 a 2 segundos na fase concêntrica.
2. Negligenciar a Sobrecarga Progressiva
Sem o aumento gradual de estresse no músculo, o crescimento estagna. A sobrecarga progressiva é essencial — seja aumentando a carga, repetições, séries ou até a complexidade dos exercícios (Suchomel et al., 2016).
Como corrigir:
Monitore seus treinos. Busque progressão toda semana, mesmo que mínima. Pequenas evoluções a cada sessão acumulam grandes resultados no longo prazo.
3. Treinar em Excesso (Overtraining)
A obsessão por resultados pode levar a treinar demais e descansar de menos. Estudos mostram que o overtraining compromete a recuperação, aumenta o cortisol e pode até levar à perda de massa muscular (Meeusen et al., 2013).
Como corrigir:
Respeite dias de descanso, durma bem e periodize seus treinos, alternando intensidades.
Lembre-se: Crescimento muscular acontece fora da academia, durante a recuperação.
4. Dieta Inadequada para Hipertrofia
Sem o fornecimento adequado de calorias e nutrientes, o corpo simplesmente não tem matéria-prima para construir músculos (Morton et al., 2018). Um erro comum é tentar ganhar massa comendo “limpo” demais e subestimando a necessidade de um superávit calórico.
Como corrigir:
Consuma mais calorias do que gasta, com foco em proteínas (1,6 a 2,2g/kg de peso corporal), carboidratos e gorduras de qualidade.
5. Falta de Consistência
A hipertrofia é um processo de médio a longo prazo. Interromper os treinos com frequência ou mudar constantemente de rotina impede adaptações.
Como corrigir:
Monte uma rotina realista, que você consiga manter por meses. A disciplina é o maior aliado do crescimento muscular.
Frase-chave: Resultados extraordinários vêm da execução consistente de tarefas ordinárias.
6. Técnica de Exercício Deficiente
Executar movimentos com má postura, encurtando a amplitude ou usando impulsos excessivos diminui a ativação muscular (Schoenfeld, 2010).
Como corrigir:
Prefira uma execução controlada, com amplitude completa e atenção na musculatura alvo. Se necessário, reduza a carga para priorizar a técnica.
7. Falta de Variedade Estratégica
Fazer sempre os mesmos exercícios, séries e repetições pode levar à estagnação. O músculo se adapta a estímulos repetitivos, o que reduz o progresso.
Como corrigir:
Mantenha uma base consistente, mas introduza variações de tempos em tempos: novos exercícios, técnicas avançadas (drop sets, rest-pause) e mudanças de ritmo.
8. Ignorar o Treinamento de Força
Muitos focam apenas em treinos de bombeamento (altas repetições e baixa carga), mas negligenciar o treino de força prejudica os ganhos de hipertrofia.
Segundo pesquisas (Campos et al., 2002), mesclar treinos de força máxima (baixas repetições e altas cargas) com treinos de hipertrofia tradicional é mais eficaz.
Como corrigir:
Inclua treinos de baixa repetição (3–6 reps) e alta carga semanalmente para desenvolver força, o que permitirá usar mais carga nos treinos de hipertrofia.
9. Subestimar o Sono
Durante o sono profundo ocorre a maior liberação de hormônios anabólicos, como o GH (hormônio do crescimento). Dormir mal compromete essa liberação e aumenta o cortisol (Dattilo et al., 2011).
Como corrigir:
Durma de 7 a 9 horas por noite, priorizando um ambiente escuro, silencioso e confortável.
Curiosidade: Um estudo mostrou que atletas privados de sono tiveram redução significativa na síntese proteica muscular.
10. Depender de Suplementos sem Cuidar da Base
Suplementos como whey protein e creatina são ótimos aliados, mas não substituem treino, dieta e descanso. Muitos acabam gastando dinheiro esperando resultados milagrosos sem cuidar do básico.
Como corrigir:
Encare suplementos como o que são: complementos. Garanta que seu treino, alimentação e descanso estejam otimizados antes de pensar em suplementação.
Considerações Finais
Corrigir esses 10 erros pode transformar seus resultados. A construção de massa muscular exige inteligência, disciplina e paciência. Mais importante do que treinar até a falha todos os dias é garantir que você esteja treinando e recuperando de maneira eficiente e estratégica.
Se você sente que está travado, revise seu programa à luz desses pontos. Pequenos ajustes hoje podem significar grandes transformações nos próximos meses!
Fontes Científicas
- Schoenfeld, B. J. (2010). The mechanisms of muscle hypertrophy and their application to resistance training. Journal of Strength and Conditioning Research.
- Suchomel, T. J., Nimphius, S., & Stone, M. H. (2016). The importance of muscular strength in athletic performance. Sports Medicine.
- Meeusen, R. et al. (2013). Prevention, diagnosis, and treatment of the overtraining syndrome: joint consensus statement. Medicine & Science in Sports & Exercise.
- Morton, R. W. et al. (2018). Protein supplementation to augment resistance training-induced gains in muscle mass and strength. British Journal of Sports Medicine.
- Dattilo, M. et al. (2011). Sleep and muscle recovery: Endocrinological and molecular basis for a new and promising hypothesis. Medical Hypotheses.
- Campos, G. E. R. et al. (2002). Muscular adaptations in response to three different resistance-training regimens: specificity of repetition maximum training zones. European Journal of Applied Physiology.
Sumário